O aluno da EJA é aquele indivíduo que está trabalhando ou está desempregado, na maioria são adultos e jovens que por algum motivo ou outro deixou de freqüentar a escola do turno do dia, assim falando a grosso modo. No entanto, não podemos deixar de apontar que nesta gama de público estão indivíduos da periferia das grandes cidades, muitos vindos da zona rural e todos provenientes da exclusão da sociedade, são idosos, brancos, afro-descendentes. Dentre eles estão indivíduos doentes, hiperativos, bipolares, depressivos, em fim pessoas com problemas envolvendo transtornos psicológicos. Muitos destes, são vítimas da drogadição lícita e ilícita, ex-apenados e apenados em liberdade condicional, delinqüentes de toda espécie. Todos sendo vítimas de tais mazelas ou convivendo com elas em seu cotidiano. Portanto todos estão necessitando de atendimento especial, pois tiveram seus sonhos ceifados e suas expectativas destruídas.
É necessário apontar que diante dessas diversidades tenhamos uma EJA que venha contemplar não somente o conteúdo perdido, as necessidades educacionais dos alunos, mas principalmente que venha contemplar as expectativas dos alunos, seus desejos. Através de projetos pedagógicos que venham contemplar os saberes dos alunos, visto que como sabemos são muitos e significativamente diversificados. Sendo assim o professor deve prever uma certa “fórmula mágica”, trabalho de resgate da auto estima para que seja possível acontecer as mudanças necessárias através do aperfeiçoamento, visto que estamos diante de indivíduos em busca saberes escolares. É preciso que o professor se dê conta que com toda esta diversidade os alunos trazem consigo uma linguagem própria de seu meio, uso de gírias, uso de expressões que denotam códigos da marginalidade e que podem ser colocados como uma afronta ao professor. O professor é seu oposto, este detém a linha da cultura do meio que é aceito socialmente e que deve estar apto para fazer destes o seu maior desafio. Do contrário teremos então mais uma vez a condenação destes alunos que desmotivados evadem e então estarão fadados ao infortúnio do fracasso escolar.
Para Marta Kohl, “todo o conhecimento é igualmente valioso”, portanto fica evidente a importância que tem para o aluno da EJA ser recebido em um ambiente acolhedor em que se sinta igual com suas diferenças. Local este em que possa se posicionar fazendo colocações e apontando saídas para diferentes situações, onde este se sinta parte da sociedade letrada, parte da escola e de seus mestres. Pois, nada mais desafiante que após um dia de trabalho cansativo sem motivação para estudar entrar em uma sala de aula e encontrar um ambiente prazeroso. Ambiente em que as atividades pedagógicas sejam instigantes, tenham valor, signifiquem para o educando aprendizagem.
Acredito que a Educação de Jovens e Adultos seja talvez o nosso maior desafio como professores, porém acredito que é possível contribuir para que a história de jovens e adultos seja uma trajetória de sucesso em que as pessoas possam criar e recriar suas histórias. É possível que cada aluno de EJA seja capaz de individualmente e coletivamente construir aprendizagem.
REFERÊNCIAS:
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n.12,p. 59- 73.s significativas.
Um comentário:
Olá, Cristina:
Gostei do ponto que abordas comentando que o professor pode muitas vezes ser o oposto dos alunos. Fico pensando o quanto isto é facilitador para que estes alunos encontrem a lei, a autoridade e o conhecimento cultural que tanto falta a estes.
Abraço, Anice.
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