sábado, 25 de setembro de 2010

A Cooperação e o Desenvolvimento da Noção de Justiça.

A cooperação e o desenvolvimento da noção de justiça

        Penso que estas afirmações de Piaget estão de acordo com o que os alunos apresentam no cotidiano de sala de aula. Apresento no TCC a informática sendo mediadora destas construções dos alunos. Muitos dos alunos que não apresentavam interesse algum nos trabalhos em sala de aula, não estavam alfabetizados e a partir de um certo momento passaram a ter significativo interesse e també passaram a desenvolver o trabalho proposto pela professora. Acredito que podemos pensar por este viés Piagetiano, pois nossa inteligência é sujetiva e portanto os nossos alunos constituem ao seu tempo a cooperação, sendo esta a autonomia da consciência. A moral ela é social porque só podemos apresentar sua existência dentro de um contexto da sociedade, onde os sujeitos podem relacionar-se livremente e então manifestam o respeito, o discernimento por si mesmo e então agem de forma autônoma.

"A moral da coação é a moral do dever puro e da heteronomia: a criança aceita do adulto um certo número de ordens às quais deve submeter-se quaisquer que sejam as circunstâncias. O bem é o que está de acordo, o mal é o que não está de acordo com estas ordens: a intenção só desempenha pequeno papel nesta concepção, e a responsabilidade é objetiva. Mas, à margem desta moral, depois em oposição a ela, desenvolve-se, pouco a pouco, uma moral da cooperação, que tem por princípio a solidariedade, que acentua a autonomia da consciência, a intencionalidade e, por conseqüência, a responsabilidade subjetiva."(Piaget, 1977:288).

"A formação da lógica na criança, primeiramente, evidencia dois fatos essenciais: que as operações lógicas procedem da ação e que a passagem da ação irreversível às operações reversíveis se acompanha necessariamente de uma socialização das ações, procedendo ela mesma do egocentrismo à cooperação." (Piaget, 1973: 96).

"Em suma, de qualquer maneira que virmos a questão, as funções individuais e as funções coletivas se referem umas às outras na explicação das condições necessárias ao equilíbrio lógico. Quanto a lógica mesma, ela ultrapassa as duas, pois depende do equilíbrio necessariamente ideal ao qual tendem uma e outra. Isto não quer dizer que existe a lógica em si, que comandaria simultaneamente as ações individuais e sociais, pois a lógica só é a forma de equilíbrio imanente ao processo de desenvolvimento destas ações mesmas. Mas as ações, tornando-se compostas entre si e reversíveis, adquirem, elevando-se à fileira de operações, o poder de se substituir umas às outras. o 'agrupamento' não é assim senão um sistema de substituições possíveis, seja no centro de um pensamento individual ( operações da inteligência), seja de um indivíduo a outro (cooperação). Estas duas espécies de substituições constituem então uma lógica geral, ao mesmo tempo coletiva e individual, que caracteriza a forma de equilíbrio comum tanto às ações cooperativas quanto individualizadas." (Piaget, 1973:196)

"O elemento quase material de medo que intervém no respeito unilateral, desaparece então progressivamente em favor do medo totalmente moral de decair aos olhos do indivíduo respeitado: a necessidade de ser respeitado equilibra, por conseguinte a de respeitar, e a reciprocidade que resulta desta nova relação basta para aniquilar qualquer elemento de coação. A ordem desaparece para tornar-se acordo mútuo, e as regras livremente consentidas perdem o seu caráter de obrigação externa. Bem mais, sendo as regras submetidas às leis da reciprocidade, são estas mesmas leis racionais em sua essência, que constituirão as verdadeiras normas morais. A razão torna-se, desde então, livre para construir seu plano de ação, na medida em que permanece racional, isto é, na medida em que sua coerência interna e externa está salvaguardada, na proporção em que o indivíduo consegue situar-se numa perspectiva tal que as outras perspectivas concordem com ela. Assim está conquistada a autonomia, além da anomia e da heteronomia." (Piaget, 1977:334).

"À passividade da livre troca, a cooperação opõe assim a dupla atividade de uma descentração, em relação ao egocentrismo intelectual e moral e de uma liberação em relação às coações sociais que este egocentrismo provoca ou mantém. Como a relatividade no plano teórico, a cooperação no plano das trocas concretas supõe, pois, uma conquista contínua sobre os fatores de automatização e de desequilíbrio. Quem diz autonomia, em oposição à anomia e à heteronomia, diz, com efeito, atividade disciplinada ou auto-disciplina, a igual distância da inércia ou da atividade forçada. É onde a cooperação implica um sistema de normas, diferindo da suposta livre troca cuja liberdade se torna ilusória pela ausência de tais normas. E é porque a verdadeira cooperação é tão frágil e tão rara no estado social dividido entre os interesses e as submissões, assim como a razão permanece tão frágil e tão rara em relação às ilusões subjetivas e ao peso das tradições." (Piaget, 1973:111).

"É neste sentido que a razão sob seu duplo aspecto social e moral, é um produto coletivo... Isto significa que a vida social é necessária para permitir ao indivíduo tomar consciência do espírito e para transformar, assim, em normas propriamente ditas, os simples equilíbrios funcionais imanentes a toda atividade mental ou mesmo vital." (Piaget, 1977:346).




BIBLIOGRAFIA:
PIAGET, Jean. Estudos Sociológicos. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 1973.


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Planejar é...

        Planejar é de fundamental importância, pois sem planejamento adequado não há como avançar, é preciso saber o que se quer com o planejamento, quais as finalidades das atividades, que metas e objetivos educacionais o professor pretende atingir na educação. Portanto sem planejamento adequado não há como avaliar para replanejar o que não foi atingido pelos alunos, ou melhor o que não foi atingido pelo professor.


“ Planejar é um instrumento direcional de todo o processo educacional, pois estabelece e determina as grandes urgências, indica as prioridades básicas, ordena e determina todos os recursos e meios necessários para a consecução de grandes finalidades, metas e objetivos da educação.” (MENEGOLLA &SANT’ANNA, 2001, p.40)

         O planejamento está sendo citado aqui, pois no TCC estou colocando a fundamentação teórica que justifica determinada ação do professor frente às necessidades da turma do estágio.

REFERÊNCIAL:

MENEGOLLA, Maximiliano. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar? 10ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

Estudar Seriamente...é...

Pensando na escrita do TCC me reporto a Paulo freire que diz que a nossa escrita é ato de sujeitos e não de objetos, portanto penso que ao darmos início ao mesmo é que nos damos conta do quanto isto é verdadeiro. Nas leituras e releituras das teorias precisamos não nos alienamos, mas fazermos críticas conforme as formações históricas de nosso conhecimento. Precisamos comparar aquilo que queremos pesquisar com as teorias já existentes, somente conseguimos isto quando conhecemos as condições histórico-sociológico do contexto no qual o autor em questão estava incerido. 

“Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto. Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando assim à sua atitude crítica em face dele.” (FREIRE, 1981, p.9).

BIBLIOGRAFIA:

FREIRE, Paulo. Ação e Cultural Para a Liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.