domingo, 28 de novembro de 2010

A informática...

            Também busquei saber saber o que dizia Lévy, autor citado por literaturas indicadas em determinadas interdisciplinas a respeito da informática.
           Entendo que a informática é muito mais do que uma revolução nas formas e métodos de geração, armazenamento, processo e transmissão e troca de informações. “Tudo que for capaz de produzir uma diferença em uma rede será considerado como um ator, e todo o ator definirá a si mesmo pela diferença que produz ”(Lévy, 1999, p.136). O autor refere-se aos dispositivos técnicos, como atores na coletividade, bem como sua contribuição para a formação e estrutura das sociedades, pois a história nos mostra que ferramentas funcionam como dispositivos culturais, e isso poderá ocorrer da mesma forma em relação aos computadores na reorientação do sistema educativo. E podemos perceber que está de fato acontecendo, visto que a própria UFRGS está implantando o EAD.
           No que se refere à aprendizagem, a técnica oportuniza ao aluno construir significações ampliando seu conhecimento, espandindo seus horizontes frente ao mundo de terrenos distantes. A  entrada do computador na escola não é mais uma opção, mas uma realidade que poderá contribuir para formar culturas do conhecimento com coletivos pensantes, incluindo homens, coisas, instituições, sociedade e técnicas de comunicação, reestruturando modos de pensar. Tornando professor e aluno, embora distantes em espaço físico mas próximos pela tecnológica: MSN, email e outros. Dessa maneira, as tecnologias são constitutivas de novos agenciamentos, e a Internet possui usos variados e ilimitados, não apenas como algo material, mas como um conjunto de novas possibilidades, conforme ressalta Lévy:
As técnicas não determinam, elas  condicionam. Abrem um largo leque de novas possibilidades das quais somente um pequeno número é selecionado ou percebido pelos atores sociais. Se as técnicas não fossem elas mesmas condensações da inteligência coletiva humana, poder-se-ia dizer que a técnica propõe e que os homens dispõem. ( Lévy, 1999, p. 101).
REFERÊNCIAS:
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 1995, e 1999, 3ª ed.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A construção de Projetos de Aprendizagem...

                   De acordo com a forma que a escola concebe a aprendizagem e como o professor planeja a rotina escolar, a interação entre os alunos é incentivada ou não. Existem tipos de atividades específicas dos Projetos de Aprendizagem e da simples forma como é organizada a sala de aula que contribuem para que os alunos interajam, deparando-se com situações de cooperação, respeito mútuo e até mesmo situações de conflitos em que precisam se colocar no lugar do outro, como as que foram relatadas nos estudos de caso. Por exemplo, se na sala de aula as cadeiras são sempre dispostas individualmente e os alunos são desenvolvem atividades em que precisam trocar idéias, situações de interação, cooperação e de resolução de conflitos dificilmente acontecerão. Portanto, o desenvolvimento da moral dos alunos a partir da sua reflexão, atuação e da intervenção do professor, como mediador da situação, não serão tão possibilitadas. Para Piaget, (1994, p.301) quando as crianças vivenciam situações de trabalho individual, o egocentrismo espontâneo é reforçado.
        Os alunos ao construírem seus PAs em um novo espaço de convivência, o Laboratório de Informática, é de grande valia. Pois foram desafiados a criar e a experimentar novas abordagens estimulando a construção do seu próprio conhecimento. A construção do conhecimento aconteceu quando o aluno na busca novas informações para complementar ou alterar o que já se possuia e, com isso, ele foi criando suas próprias soluções, refletindo e aprendendo sobre como buscar e usar essas novas informações através do uso da tecnologia.
        A informática dever ser utilizada como um instrumento para auxiliar a transformação da escola, como um espaço de aprendizagem cooperativa, mesmo diante dos desafios que apresenta. No entanto uma mudança na educação implica em uma alteração de postura, e requer o repensar dos processos educacionais por todos os envolvidos na educação.


REFERÊNCIAS:

PIAGET, J. O juízo moral na criança. 4. ed. São Paulo: Summus, 1994.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Aprendizagem é o caminho...

   No livro Da Biologia a Psicologia, Maturana (1998, p. 32) aponta que “aprendizagem é o caminho da mudança estrutural que segue o organismo (incluindo seu sistema nervoso) em congruência com as mudanças estruturais do meio como resultado da recíproca seleção estrutural que se produz entre ele e este, durante a recorrência de suas interações, com conservação de suas respectivas identidades”.
        Penso que esta afirmação de Maturana em meus estudos na Interdisciplina SI apontou grande significado aos estudos provenientes dos estudos de caso os quais fiz e apresento em meu TCC. Como falo no caso 1, aluno A, foi o aluno que pelas imposições de ataque aos colegas e as normas impostas pelo próprio sistema que este conseguiu por si mesmo provocar estas mudanças positivas.  Houve mudanças estruturais pela própria imposição do meio e do aluno. 

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Estudo de caso...

No TCC, faço o estudo de dois casos... Aqui apresento o caso1
 Caso 1







O aluno A que mais era rejeitado pelos colegas em função de seu comportamento, não dialogava, estava sempre pronto para o embate com a força física estava agora mais calmo, estava disposto trilhar novos caminhos, estava em busca de novas conquistas. Queria fazer as atividades e solicitou à professora que lhe fornecesse as normas para freqüentar o Laboratório de Aprendizagem. A professora perguntou o motivo desta solicitação, visto que estava surpreendida, pois o aluno não queria nem vir para a escola e agora estava solicitando o LA. O menino argumentou dizendo que ele queria aprender a ler no turno da manhã para poder freqüentar a sala de informática com os colegas da turma. A professora argumentou dizendo que ele estava assim mesmo indo ao Laboratório de Informática mesmo sem saber ler. Ele replicou dizendo que não era a mesma coisa, assim ele poderia ficar mais independente dos colegas. A professora diante de tanto interesse e entusiasmo não exitou em fazer o encaminhamento no mesmo instante. Encaminhou o chamamento da mãe e contatou o serviço de Orientação Educacional a fim de um diálogo mais atento para fazer com que o aluno desse sua palavra de honra e comprometimento com os novos desafios assumidos.


Junto das propostas formais com o aluno a professora aplicou uma técnica para reflexão sobre a valorização da cooperação entre os alunos. A técnica reflexiva entre os alunos a qual consiste em os alunos em círculo passarem um novelo de lã o qual vai sendo desenrolado. Ao passar o novelo de lã para o colega o aluno deve apontar característica do colega e dizer o motivo pelo qual está entregando o novelo de lã a este. Após os alunos fazerem o desenrolar do novelo fazendo uma teia, devem então fazer o retorno desta lã ao novelo. Os alunos após esta atividade, que foi feita na rua por motivo de maior espaço físico, os alunos retornaram para a sala de aula para conversarem sobre como conseguiram desfazer a teia. Eles apontaram que a colaboração dos colegas que haviam recebido o novelo foi importante e que somente assim conseguiram retornar a lã ao novelo. Os alunos foram unânimes em dizer que ficavam torcendo para que fosse passado o novelo para si. Fizeram comparações entre o andamento das atividades com a colaboração dos colegas entre si e em especial com a participação efetiva dos alunos que eram pouco participativos, bem como da colaboração dos familiares para o sucesso dos alunos e das aulas. Falaram sobre o efetivo acompanhamento dos familiares, pois eles não são sozinhos na escola. Portanto, nesta atividade relatada, os alunos colocaram-se no lugar do outro, quando agiram colaborativamente para o desenvolvimento da atividade e o sucesso desta. Este comportamento que segundo Piaget (1994 apud REAL, 2007 p.5), é resultado da descentração do pensamento onde o indivíduo age colaborativamente tendo como premissa sua igualdade com o outro e percebe neste uma possibilidade social de troca. Vale dizer aqui que isto só acontece quando o indivíduo é capaz de fazer a diferenciação do outro e através da descentração do pensamento, no qual vê não somente a si e passa a ver o outro e colocar-se no lugar do outro. Isto só acontece com a construção do pensamento, visto que não é desde o início que o indivíduo tem esta concepção.


A escola disponibilizava quatro horas semanais distribuídos em dois dias para cada turma da escola no Laboratório de Informática. Quando a professora fez o comentário de qual era o horário disponível, o aluno A não se conteve em dizer que era muito pouco para o que ele queria fazer no computador.


“_A diretora pensa que em dois dias podemos fazer alguma coisa! _Quero falar com ela agora mesmo!”


A professora questionando os demais do grupo perguntando o que achavam quanto a sugestão do colega em aumentar o tempo de atividades no Laboratório de Informática. Outros alunos manifestaram-se:


“_ Profª., Todos vão receber a mesma quantia de horas, se a diretora der um horário maior para nós alguma turma vai ficar sem nenhum horário. Então tem que ficar assim”.


Outro aluno argumenta: “_Todas as turmas da escola têm o mesmo direito, se fosse a nossa turma ficar sem ninguém ia gostar”.


O aluno A pensa e diz: “_ Eu agora entendi, acho que deve ser assim mesmo, todos nós vamos trabalhar no Laboratório de Informática o mesmo tempo”.


Entende-se que neste momento os alunos ao colocarem-se no lugar do outro, estão possibilitando uma situação de cooperação, isto é estão - operando com -, assim apresentando autonomia. E portanto através da cooperação construindo limites, a partir do diálogo na relação social que propiciou o Laboratório de Informática. Conforme Piaget (1973b.p.35): “Cada relação social, constitui, por conseguinte, uma totalidade mesma, produtora de características novas e transformando o individual em sua estrutura mental”.


Real (1998, p.30), também afirma: “A potencialidade produtiva das relações sociais tem sua máxima expressão nas relações de cooperação, ou seja, na capacidade adquirida pelas ações terem se tornado reversíveis, nas quais o sujeito tem a possibilidade de agir cooperativamente [...]”. Sendo assim o indivíduo está vendo o colega como um tão igual a si, vendo a possibilidade de troca, tendo um posicionamento de empatia com o outro.


Sendo que já percorrera duas semanas do estágio curricular, os alunos estavam indo para o Laboratório de Informática pela segunda vez. O aluno A disse sentou-se rapidamente à frente de um monitor e já foi dizendo que aquele era o dele.


“_ Quero trabalhar neste aqui. É nele que vou pesquisar sobre os animais, não quero ninguém comigo.”


A estagiária esclareceu que por nós sermos muitos teríamos que dividimos os monitores entre três ou quatro alunos, cada um tendo a vez de usar o teclado, enquanto os demais deveriam auxiliar.


O aluno A argumenta indignado, não aceitando a sua realidade de não saber ler ““.


“_Quando eu souber escrever sozinho não vou precisar de ninguém do meu lado, ainda mais estes aí que parece que sabem só um pouquinho mais que eu”.


O aluno nesta mesma semana deu início ao trabalho no Laboratório de Aprendizagem, onde funciona o projeto GEMPA para correção de fluxo e lá viu que também tem um computador. Logo indagou a professora se ele iria usar o computador para aprender a ler, pois ele pediu para a professora dele que queria freqüentar o Laboratório de Informática para aprender a ler, pois queria aprender a ler para poder Freqüentar Laboratório e Fazer o Projeto de Aprendizagem sobre os animais com os colegas que já sabem ler.


“_ Tem gente que lá na minha turma que escreve o que quer pesquisar na Internet e aparece tudo sobre aquilo”.


A laboratorista esclareceu que teria alguns momentos que ele poderia usar o computador para escrever e que também poderia usar o computador para aprender a ler.


Trabalhando na quarta semana de estágio os alunos precisavam decidir sobre quais animais domésticos o grupo iria escolher para fazer o seu Projeto de Aprendizagem, qual nome dariam ao PA. Então foi que o grupo do aluno A sentaram-se a frente do monitor e este disse que ele é que iria escolher o nome do PA para estudarem e os colegas em coro gritaram:


“_Não é só um que escolhe o nome do PA, é o grupo que escolhe, nós vamos votar, a profª. disse que o mais votado é que ganha e que é aquele que vais ser estudado.”


Os colegas ao manifestarem-se com a proposta de votação, contrários ao aluno A, que queria somente ele escolher o nome do PA, o aluno A ficou quieto por um instante e disse:


“_Mas eu também vou votar pra escolher o nome projeto, sei que vai ganhar o que tiver mais votos.”


Estava acontecendo aí o que Maturana (1998b, p.23) afirma: “O amor é a emoção que constitui o domínio de condutas em que se dá a operacionalidade da aceitação do outro como legítimo outro na convivência”, assim os alunos estavam em grupo e com seu posicionamento social em cooperação colocando-se no lugar do outro com o argumento de que tem que ser acatado o que é de consenso da maioria, pois do contrário não podemos trabalhar em grupo.


A utilização da informática favoreceu as relações interpessoais, a cooperação e a construção dos limites. Favoreceu as aprendizagens mediante a construção dos PAs. Pois, tiveram troca de informações, ideias sugestões, e fez com que os alunos diante da diversidade de pensamento tomassem posicionamento respeitoso diante do colega. A informática no plano social e fora da sla de aula tradicional, favoreceu a cooperação e a construção de valores, visto que nessa troca de saberes e planos intelectuais cada indivíduo fez sua construção se ajustando nas interações.